O mercado de capitais tem utilizado novas formas para captar recursos destinados a projetos de infraestrutura e à formação de Fundos de Investimento em Direitos Creditórios (FIDC). O setor de energia e combustíveis, em particular, é um dos mais lucrativos, movimentando trilhões de dólares globalmente. No Brasil, o mercado de combustíveis se destaca por suas características específicas. Fundos de investimento voltados para combustíveis investem em empresas do setor de energia, focadas na produção, refino, distribuição ou comercialização de produtos como gasolina, diesel, etanol e gás natural. Esses fundos atraem investidores interessados no setor de energia, especialmente no mercado de combustíveis.
A importância do setor de combustíveis
Para ilustrar a importância desse setor no Brasil, em 2022, o setor de óleo e gás representou 15% do PIB industrial do país, com 8% vindo do mercado de derivados de petróleo e biocombustíveis, e 7% da extração de petróleo e gás natural.
Segundo Cleiton Santos Santana, fundador e cotista do Grupo BSO, com a crescente ênfase em questões ambientais, sociais e de governança (ESG), os investidores estão cada vez mais procurando fundos de investimentos em combustíveis que incorporem critérios ESG em suas estratégias. Isso inclui investir em empresas que adotam práticas sustentáveis e responsáveis. O Brasil tem se destacado no cenário mundial devido ao intenso debate sobre a “Pauta Verde” na energia. Os principais atores do setor estão preocupados com a sustentabilidade e os impactos ambientais da produção e consumo de combustíveis.
O cenário no Brasil
No Brasil, há um aumento positivo de investimentos no mercado de energia renovável e de combustíveis. Um fundo em especial, o BSO – Brazil Special Opportunities, conseguiu combinar duas categorias de investimentos distintas, mas altamente atraentes e complementares. O fundo tem como principais investimentos um FIDC, o ZEUS, que há mais de cinco anos fomenta a cadeia de combustíveis, e um FIP, o Atenas, que investe na infraestrutura logística do segmento. Entre os clientes do ZEUS estão distribuidoras de combustíveis, tradings e uma refinaria de petróleo. Recentemente, devido à guerra na Ucrânia e a uma arbitragem especial com derivados de petróleo importados da Rússia e Emirados Árabes Unidos, o fundo também passou a financiar tradings que importam óleo diesel e gasolina.
Com operações de curto prazo de até 60 dias, retornos em torno de 3% ao mês e baixíssima inadimplência, os investidores do BSO decidiram expandir sua atuação para o rentável negócio de tancagem em portos. Para isso, criaram o FIP Atena, que investiu na Stronghold Infra. Em seu primeiro ano, a Stronghold Infra adquiriu a Liquipar, que em 2023 venceu o leilão do terminal PAR50 no Porto de Paranaguá. Com uma capacidade atual de 71 milhões de litros, o terminal deve expandir para 200 milhões de litros até o final de 2025, com investimentos de R$ 450 milhões. Com diversos projetos rentáveis na cadeia de combustíveis e o capital exigido pelo mercado, o grupo planeja triplicar sua carteira de investimentos nos próximos dois anos.
E a energia verde?
Outros novos fundos também estão apostando em projetos que incentivam o desenvolvimento e adoção de fontes alternativas e renováveis de energia, como biocombustíveis (etanol, biodiesel), combustíveis sintéticos e hidrogênio verde.
Cleiton Santos Santana destaca que o Brasil, como um dos líderes mundiais em investimentos em energia limpa, está na vanguarda de uma transformação crucial relacionada às mudanças climáticas e à preservação da biodiversidade. Em 2023, o Brasil se tornou o terceiro maior destino de investimentos em energias renováveis, com investimentos que ultrapassaram US$ 25 bilhões, conforme o relatório Energy Transition Investment Trends 2024.
A evolução dos investimentos em combustíveis reflete uma transição para uma matriz energética mais diversificada, sustentável e eficiente. Embora os combustíveis fósseis ainda desempenhem um papel significativo, há uma tendência crescente em direção a fontes de energia mais limpas e renováveis, impulsionada por avanços tecnológicos e preocupações ambientais. Esse movimento posiciona o Brasil como um ator global no setor de energia.